quinta-feira, 22 de julho de 2010

Uma breve filosofia

intuição é como radar natural
faz-nos perceber
quando apenas aceitamos coisas

aceitar
fenômeno que se leva dentro
distanciando da experiência direta das coisas

“Ir alem de caráter intelectual!”
e a intuição nos permite ser autênticos

captar coisas verdadeiras
vivenciar
sem a necessidade de aceitar ou justificar nada

abrir olhos ante torvelinhos teóricos
que insistem em prevalecer
pois apenas giram e giram...

Verde


preso a garganta
o grito mudo de palavras ao vento
na mesma direção
da caneta sobre o papel
a visão é de flores
que nunca tiveram raízes
por estar em canteiros
a beira da estrada
admirando paisagens
e nunca existir

que pena das flores,
não conhecer a realidade
do sol que vivifica, alimenta a seiva
clorofila,
e o verde da verdade desaparece a cada instante...

O silêncio de todas as manhãs

ter consciência
silêncio de todas as manhãs
há uma verdade repercutindo
escondida no tempo
no espaço
no cotidiano
e todas as manhãs se vão

ela se espreita
esconde pelos cantos
há o momento
o instante
o indefinido

há uma mescla
tendo consigo
o silêncio de todas as manhãs
“O silêncio, segredo da eloqüência”
presente instante
auto-revelação

tudo parece estar de acordo
e no decorrer da noite espessa
um novo dia para eterna novidade
uma luta
repugnância
e corações estéreis

só coisas que vão
noites que acontecem

esfumaçam

exprime um outro universo

um lado etéreo
abstrato ao olhar comum
de um novo dia que irá chegar...

Poema surdo

colher um pensamento
no ar
de forma intuitiva
pensar
não dizer
afinal
o que dizer da metafísica
que as pessoas insistem ignorar?

ouvir intuitivamente está muito além
do que os olhos permitem ver
com a ânsia de ouvir

seria como ver o sublime diante da palma
sobre a epiderme, os pensamentos
a fonte serena e calma
química de cada átomo

mas se no umbigo do poeta
há um sentimento ambíguo
a poesia nada diz

até por que os olhos
os olhos insistem em ver
com a ânsia de ouvir

Epitáfio do tempo




O pensamento e o pesar
cabem tão bem numa canção.

domingo, 4 de julho de 2010

Antropofagia

e se parar pra pensar
dizer é questão de sentir
vida passa
é ritmia
pandemia
do ir e vir
apenas queria
ficar estático
observando
este devir
dogmático

que devora o sentir

para muito além
o artista-poeta
com suor lapida vida
para não se mentir

Ederson Rocha