sábado, 28 de janeiro de 2012

A epiderme




Aceitar a epiderme
ter como base
este olhar...

Onde está
o palpável?

O que aceita
mas não vê
do que diz
e somente aceita

Mas
quê sente ou pensa?
Céu negro de esferas cintilantes, ou será pontiagudas?
Será acaso horizonte
ou ilusão dos olhos
que só um planeta há
e a  vida,
 um eterno sentimento pulsante...

Mas sob este olhar
somente a epiderme
será que se pode tudo evidenciar?

O Âmago




o sabor das idéias
sintetizam o gosto
das palavras
(as vezes amargas)

murmúrio
de contemplar um poema
sussurro
na calada da noite

pergunto-me
será que tem gosto
as palavras,
será que a vida é açoite
mas aquele pensamento foi embora...

embora na noite
perdido na madrugada
lá se foi o poema

e não escrevi
nada.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Aspiração e renúncia




Tantas vezes
sentir o vento soprar
 e ver a intensidade de afeto
que a presença de uma pessoa agradável
pode provocar

Quando criança
admirava a natureza
aceitando-a
com simples certeza de um olhar...

Beleza é o que guardamos no fundo,
verdade
experiência diretas das coisas
que  a vida prática
insiste em desviar de nossos olhos
sobre tudo que nos cerca...

Alguém
que com afeto pronunciamos
jamais será apenas
massa física
controlada por instintos, desejos, vontades,
corpo quando desgastado
emerge em sono profundo
luz que se apaga
semente que futuramente nascerá...

E inquietudes sufocadas
possam surgir com mais intensidade
incredulidades possam ser descartadas
certeza de que a vida não é um deslize
é a idéia de liberdade autêntica
ser compreendida
na beleza de um sorriso
quando uma criança sente alegria
fragmento de felicidade
amplitude...

Iniciação


para o amigo Chico Tânio

Ânsia fortuita de sentimento
Profundo lamento de alma
Que a ti pareça um só fingimento,
Trazer o coração  na palma.

Dores poéticas dos prantos
Lágrimas de sangue e canção
Aspirantes que se retiram a um canto
Buscando na vida alguma razão

Se lhe apraz é um só sentimento
De lamento não digo que seria
Mas veja o mundo é sangrento
Que não dá nenhuma alegria

O homem se embrenha num lodo
Sem ser em si alarmante
Apodrece e sem êxito
Ainda se crê triunfante

Seria sob este olhar um lamento tolo
Ir contra alguma transformação
Mas esta nos envolve de todo
Numa melodia sem canção

Sendo o amor terra que ninguém lavra
Consolo do vazio e solidão
É dor perdida na palavra
A luta de tal superação...



Existência

Tardes 
que surgem na existência
as vezes frias,
cheias de silêncio
e recorrência ancestrais...

Do que é feito o tempo e o acaso?
Se traduz em silêncio... 
Um grão de esperança
espera a semente nascer
de olhar mais humano
a enxergar isso tudo...

Sol e Lua em contraste
já não se vê tão real aquela palavra poética
que transcendeu o curso dos tempos...

Estrela de noites árabes a brilhar
e recordar a beleza da vida
em um mundo arcaico
desprovido de ciências
mas abundante de sentimentos...

Fugiu,
perdeu-se
nas mil e uma noite dos tempos...

CANÇÃO DE PRIMAVERA





Vivo uma canção de primavera
E ouço através do vento,
Vem a ser o que sinto no peito
Com a idéia de que um dia irá embora...

Mas como vai embora?
Se as flores é que nos fazem sorrir
E mesmo com pétalas caídas no chão,
Simplesmente vem a completar o cenário da vida!

( E as flores que desabrocham no outono
fez a vida cristalizar-se em mim como um bosque...)

Às vezes, em alguns momentos,
Só as margaridas que contemplo
Preenchem meu coração com a idéia,
De que até nos momentos tristes
A vida vale a pena...

Ederson Rocha